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As principais tendências em estratégia de dados de mercado

Janelle Veasey
Janelle Veasey
Head of Real-Time Customer Proposition
John Mason
John Mason
Global Head Enterprise Middle and Back Office, Refinitiv

Gerentes de dados de mercado e outros profissionais que dependem dessas referências no front, middle e back office de instituições financeiras não veem a hora de definir suas estratégias para este ano, após um 2020 preocupados apenas em reagir à pandemia de Covid-19.


  1. Há inúmeras oportunidades em meio à adversidade. Mas as organizações precisam das estratégias de dados de mercado certas para dar suporte às análises do front-office.
  2. Em 2021, as mudanças regulatórias continuarão em ritmo acelerado, e com um maior foco em governança de dados em empresas de serviços financeiros.
  3. As estratégias de dados de mercado precisarão apoiar a inovação e a automação, enquanto mantém o custo total das operações (TCO) sob controle.

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Diante dos desafios que diversas áreas corporativas enfrentam atualmente, as estratégias de dados de mercado precisam evoluir –e rápido. Afinal, os dados são uma espécie de combustível que deve fluir pelo front, middle e back office das empresas e organizações financeiras em todo o mundo.

Conforme as organizações dão os toques finais a suas estratégias de dados de mercado para 2021, elencamos seis principais tendências que devem ser levadas em conta:

Tendências em estratégia de dados de mercado

  1. Compreender os desafios e oportunidades criadas pelo aumento da volatilidade e da atividade nos mercados

Em 2020, o extremo índice de volatilidade provocado pelas reações à pandemia, ao Brexit e à eleição presidencial dos EUA afetou as tarefas do front, middle e back offices.

Como se isso não bastasse, muitas das funções relacionadas a trading e a áreas de suporte das empresas foram e continuam a ser dificultadas por esquemas de trabalho remoto. E, no entanto, somente no terceiro trimestre de 2020, os mercados de crédito (Debt Capital Markets ou DCM, na sigla em inglês) viram suas emissões atingir US$ 8 trilhões.

Enquanto isso, no início de dezembro, US$ 762 bilhões já haviam sido emitidos nos mercados de capitais. Como consequência, a receita global com taxas de banco de investimento somou, segundo dados da Refinitiv, US$ 91 bilhões nos primeiros três trimestres de 2020, um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2019.

Vemos, contudo, que os tempos de incerteza atuais geram tanto desafios, sobretudo para os modelos de operação tradicionais, quanto oportunidades para quem é ágil.

Para prosperar em tais condições, front, middle e back office precisam ser capazes de tomar as decisões certas e aumentar a resiliência operacional dos processos usando dados e análises confiáveis, bem como serviços de preços avaliados.

  1. Cumprir com os regulamentos que exigem novos conjuntos de dados e análises

Neste ano assistiremos a consideráveis mudanças regulatórias, que vão atingir o front, middle e back office das organizações.

Sejam elas devido à LIBOR, IBOR, FRTB, SFTR, ajustes do Brexit para a comunidade financeira de Londres, normas e padrões de ESG, resiliência operacional ou outros motivos, 2021 será um ano ainda mais movimentado do que foi 2020 para a gestão de risco de middle office e equipes de compliance que oferecem suporte aos traders do front-office.

Na base de muitos desses projetos de alterações regulamentares estão os dados –e principalmente aqueles de mercado e de referência.

Por exemplo, como preparativo para a transição da LIBOR até o final de 2021 (ou talvez junho de 2023, já que o prazo pode ser estendido), muitas empresas estão tendo que reconfigurar sua estratégia de dados de mercado.

Embora a LIBOR fosse um conjunto de dados, está sendo substituída por uma ampla gama de benchmarks de taxas de juros, incluindo as livres de risco, como a Sterling Over Night Index Average (SONIA) no Reino Unido; Secured Overnight Financing Rate (SOFR) nos Estados Unidos; e Euro Short-Term Rate (€ STR) na Zona do euro.

As organizações também têm reconsiderado a forma como esses dados chegam às suas mãos, são armazenados, analisados ​​e usados –e muitas delas já consideram transferí-los para a nuvem.

  1. Acompanhar as exigências de gerenciamento de dados para as instituições financeiras

Em todo o mundo, as agências reguladoras estão propondo novas regras e orientações a respeito de governança de dados, o que deverá impactar todas as etapas dos negócios.

A União Europeia, por exemplo, está desenvolvendo o Data Governance Act, que reformulará a maneira com que as instituições financeiras se relacionam com dados. Além disso, o bloco de países vêm revisando a MiFID II, e buscando implementar uma nova fita consolidada. Os EUA também estão em processo de revisão de seu programa de fitas consolidadas.

Consultas recentes do Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia abordam governança de dados de risco operacional e resiliência no trabalho com terceiros, como fornecedores de dados. E, claro, existem questões em andamento em torno dos relatórios regulamentares de trading nos EUA, no Reino Unido e na UE.

A paciência dos reguladores com repetições de erros em relatórios ou mesmo falhas em dados comerciais está se esgotando, e eles têm atribuído o problema a níveis insatisfatórios de governança e gerenciamento de dados. Portanto, nos próximos anos, as empresas podem esperar uma maior pressão sobre as normas de governança e de estratégias de dados.

  1. Aumentar o foco no gerenciamento do custo total das operações (TCO) enquanto cumpre com as obrigações e agrega valor

A pressão sobre as estratégias de dados de mercado nunca foi tão forte. Isso porque as funções de front, middle e back office evoluem em ritmo acelerado e são necessários dados para liderar esse processo.

Segundo uma pesquisa recente da Refinitiv, para cada US$ 1 que as instituições financeiras gastam para adquirir dados, outros US$ 8 são pagos para processar, armazenar e transformar esses elementos até que possam ser analisados.

Ao mesmo tempo, os órgãos reguladores exigem mais dados, análises e relatórios das empresas.

Todas essas pressões significam que o custo de aquisição, limpeza, normalização, armazenamento e implantação de dados está aumentando –e isso tudo enquanto as pressões orçamentárias também crescem.

Daqui em diante, as estratégias de dados de mercado terão de viabilizar o cumprimento de metas e garantir o compliance, ao mesmo tempo em que leva à uma gestão proativa do TCO. É por isso que estratégias de dados de mercado bem-sucedidas precisam incluir fornecedores de dados confiáveis.

Muitas empresas já estão adotando soluções de dados baseadas em nuvem, como o Refinitiv Real-Time – Optimised.

  1. Automatizar processos relacionados a negociações de front, middle e back office

Já há tempos, tanto os reguladores quanto as instituições financeiras focam em automação para que as negociações possam ser processadas diretamente, ocorram elas no front, middle ou back office.

E a razão disso é simples: substituir processos manuais por soluções tecnológicas deveria, em teoria, reduzir custos, acelerar a liquidação e diminuir riscos operacionais.

Após a crise financeira de 2008, em que os processos manuais de muitas instituições pararam de funcionar, criando risco sistêmico, os órgãos reguladores começaram a incentivar as empresas a acelerar seus planos de automação.

Como resultado, alguns processos manuais já foram automatizados, mas antigas tecnologias utilizadas pelos principais players do mercado impediram avanços adicionais; afinal nem sempre é fácil unir o velho ao novo.

Isso, no entanto, está prestes a mudar, já que a Covid-19 deixou claro como são insustentáveis os processos manuais que ainda restam.

A crescente aceitação de dados e tecnologia em nuvem –especialmente para a utilização no middle e back-office— também tem viabilizado novas iniciativas. Um bom exemplo é o lançamento de análises de compliance e uso de dados de tick history na nuvem, como Refinitiv Tick History no Google Cloud Platform.

  1. Fornecer dados que podem ser usados ​​para fomentar a inovação por meio de projetos de Inteligência Artificial e Machine Learning

As equipes de projetos de fintechs e regtechs estão descobrindo que a sua tecnologia só terá a rapidez e a precisão que os dados inseridos permitirem.

Ou seja, dados de baixa qualidade (com erros, campos ausentes ou normalização incorreta) impedirão que o modelo forneça os resultados corretos. Além disso, limpar e normalizar dados manualmente para uso em projetos de IA e ML pode consumir tempo e recursos preciosos.

Inclusive, uma recente sondagem da Refinitiv mostrou que 54% dos entrevistados acreditam que dados de baixa qualidade são uma barreira para a adoção de IA ou ML.

É por isso que se exige cada vez que os dados usados ​​em projetos de IA e ML sejam de alta qualidade, e que já venham limpos e normalizados.

Para que isso ocorra, as organizações precisam garantir uma  governança de dados adequada, o que contribui para melhorias significativas na qualidade desses elementos.

Em relação a dados externos, como os de mercado ou de referência, as empresas estão descobrindo a importância de trabalhar com parceiros em quem possam confiar, e que, claro, vão lhes entregar apenas produtos de alta qualidade.

Estratégia conectada e colaborativa

Para transformar suas organizações, tornando-as aptas a enfrentar todos esses desafios, são necessárias estratégias de dados de mercado mais conectadas e colaborativas nas áreas de front, middle e back office.

As condições de mercado provavelmente se manterão desafiadoras, e a onda regulatória não deve diminuir tão cedo. Portanto, as empresas precisam recorrer a parceiros de dados em quem possam confiar, capazes de prover conjuntos de dados normalizados de alta qualidade, que podem alimentar a automação e a inovação.

Embora 2020 tenha sido um ano difícil para os times de dados de mercado, 2021 parece destinado a oferecer seus próprios desafios e oportunidades.

Para saber mais, leia o relatório da Refinitiv: “How Trusted Data will Power Digital Transformation in your Trading Business”