Enquanto o mundo procura se recuperar da pandemia de coronavírus, as empresas começam a questionar os alicerces que sustentam seus negócios, concluindo que boas estratégias de ESG –em especial a governança corporativa— são essenciais para criar e manter resiliência em tempos incomuns.
- As pontuações de governança e Responsabilidade Social Corporativa (RSC) vêm apresentando um crescimento constante em todas as regiões do mundo.
- Segundo análise da Refinitiv, uma governança corporativa robusta está diretamente relacionada a melhores resultados financeiros e resiliência a crises.
- Uma melhoria nas pontuações de governança levará a uma maior resiliência no pós-pandemia e garantirá um aumento sustentável nas pontuações sociais e ambientais?
A Refinitiv acaba de lançar três relatórios que analisam o desempenho da governança em diferentes regiões do globo: Américas, EMEA (Europa, Oriente Médio e África) e Ásia-Pacífico. Neste artigo, destacamos as principais conclusões.
Impacto da governança corporativa
Os três relatórios analisaram dados ESG da Refinitiv de 3.611 companhias em todo o mundo, ao longo de cinco anos.
Nosso objetivo era explorar as tendências atuais e avaliar o impacto da governança no desempenho ambiental e social das empresas. Também pretendíamos aprender mais sobre a conexão entre as pontuações de governança e o desempenho financeiro de cada organização.
Os resultados indicam um aumento geral nas pontuações globais de governança –uma clara razão de otimismo nestes tempos de incerteza.
Também observamos tendências positivas nas pontuações referentes tanto a relatórios de sustentabilidade de RSC quanto a estratégias de RSC. Ao dividir os resultados por setores econômicos e empresariais, as estatísticas gerais foram encorajadoras, embora ainda haja espaço para melhorias em certas áreas.
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- Nossa análise mostrou que, nos últimos cinco anos, as pontuações globais de governança aumentaram 14%, com as regiões EMEA e Américas na liderança.
- A Europa apresentou uma melhora impressionante (17%), com países como França, Suécia e Alemanha se destacando entre os outros.
- As pontuações de governança nas Américas subiram 9,4 pontos. Entre os países do continente, os Estados Unidos venceram de goleada, com um aumento de 25%, quase quatro vezes mais do que o Brasil e o Canadá.
- As regiões que apresentaram o crescimento mais lento nas pontuações foram Ásia e Oceania, com 2,8% e 3,9%, respectivamente.
- Infelizmente, nem todas as regiões do planeta tiveram resultados positivos. A África ficou atrás de todas as outras, com uma redução de 1,3% em seus pontos de governança.
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- Em cinco anos, houve uma elevação de 13% na proporção de organizações que fornecem relatórios de sustentabilidade. De acordo com nosso estudo, atualmente 72,9% das empresas globais realizam informes sobre sustentabilidade de RSC.
- O desempenho da China chama a atenção, com um salto de 55,4%, o que leva hoje a uma taxa de divulgação de 90,5%. Também houve grandes avanços nos índices de Hong Kong (47,6%) e Cingapura (42,5%).
- Já nas Américas, apenas 55% das organizações contam com políticas de RSC, bem abaixo da média global.
• Ao observar todas as empresas que compõem nosso estudo, vemos um crescimento global de 24% na pontuação média de estratégias de RSC.
• Na EMEA, a marca avançou 11,5 pontos, em média, ao longo de cinco anos.
• China e Hong Kong deram saltos de 20 pontos, e Cingapura, 18. A Índia teve o índice mais alto, e a Austrália, o pior (com uma diferença de quase 20 pontos entre elas).
• Nas Américas, houve oscilação positiva de 6,5%, o que é baixo em comparação com a média global, de 24%. Os EUA, mais uma vez, saem na frente no continente, com elevação de 8%.
Governança versus resiliência financeira
Os analistas da Refinitiv montaram portfólios de 50 títulos com as mais altas pontuações de governança e de relatórios de RSC, comparando seu desempenho com o STOXX 600 na EMEA, S&P 500 nas Américas e ASX200 e Hang Seng na Ásia-Pacífico.
O resultado? Esses portfólios superaram consistentemente seus pares nas três regiões entre 1º de janeiro de 2015 a 8 de agosto de 2020.
A conexão da governança com os outros pilares
Em sequência ao nosso relatório de governança e sustentabilidade global, o professor Andreas Hoepner e Gabija Zdanceviciute realizaram uma análise regional sobre os efeitos da governança, usando modelos de regressão e algoritmos de machine learning.
Eles descobriram que a transparência organizacional leva a práticas de sustentabilidade e tomadas de decisão conscientes, o que, por sua vez, têm impacto positivo nos pilares ambiental e social:
- Nas Américas, a publicação (separada) de um relatório de sustentabilidade gera aumento de 59% no nível de transparência de uma empresa em seu envolvimento com os stakeholders. (Poder explicativo em uma única regressão ADJ_R2: 44,80 por cento.)
- Na EMEA, um relatório de sustentabilidade, publicado em separado, eleva em 37% a probabilidade de a companhia ter uma política para reduzir o uso de recursos naturais e o impacto ambiental de sua cadeia de abastecimento. (Poder explicativo em uma única regressão ADJ_R2: 35,18 por cento.)
- Na Ásia-Pacífico, a publicação (separada) de um relatório de sustentabilidade melhora em 58% a taxa de transparência de uma empresa em seu envolvimento com os stakeholders. (Poder explicativo em uma única regressão ADJ_R2: 34,10 por cento.)
Resiliência no mundo pós-pandemia
Os resultados desses relatórios mostram que, ao focar na equação ESG, as corporações têm a oportunidade de criar mais resiliência ao final da crise sanitária.
Mas, onde as organizações devem colocar seus esforços?
A Refinitiv aborda o conceito ESG de forma distinta: os pilares sociais e ambientais são ponderados por setor, com algumas empresas se concentrando mais nos aspectos sociais, outras nos aspectos ambientais.
A governança, no entanto, é algo universalmente importante. Sem a devida atenção ao pilar da governança, uma empresa jamais será sustentável.
Não importa em que setor ou indústria a empresa opere; uma governança sólida é essencial para uma forte sustentabilidade e resiliência corporativa.
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