Ir para conteúdo

Finanças sustentáveis: cenário para 2023

Elena Philipova
Elena Philipova
Global Head ESG Proposition, Refinitiv

No início de um ano que se deverá mostrar crucial para as finanças sustentáveis, exploramos os principais fatores que ajudarão a moldar o setor e prepará-lo para o futuro.


  1. Cinco temas principais serão responsáveis por definir a agenda de finanças sustentáveis de agora em diante.
  2. Entre eles, estão avanço regulatório, considerações climáticas mais amplas e greenwashing.
  3. Além disso, o acesso a dados de qualidade continuará sendo uma parte vital da jornada financeira sustentável no mundo.

Para mais informações baseadas em dados diretamente no seu inbox, assine o boletim semanal Refinitiv Perspectives

O LSEG tem se dedicado a enfrentar alguns dos urgentes desafios globais em busca de um crescimento sustentável para economias no mundo todo. É por isso que estamos focados na fusão permanente entre sustentabilidade e finanças, e iniciamos 2023 de olho nos cinco principais fatores que deverão impulsionar o setor de finanças sustentáveis neste ano.

  1. Complexidade dos regulamentos

No âmbito das finanças sustentáveis, regulamentação, padrões e diretrizes de divulgação e definições utilizadas ainda se encontram em plena evolução.

Por isso, temos falado insistentemente sobre a importância da convergência de iniciativas e regulamentos nessa arena, que ainda se mostra altamente fragmentada.

Há, sim, uma série de projetos bastante promissores, mas acreditamos que ainda demore algum tempo até chegarmos ao fundo deste problema e que o setor financeiro consiga simplificar essas questões.

Recomendação: Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB); Comissão de Valores Mobiliários (SEC); e formuladores de políticas da União Europeia (UE) devem alinhar seus princípios e métricas, bem como esforços de marcação digital, em regras de divulgação de sustentabilidade.

Saiba mais sobre como o LSEG pode ajudar sua empresa na busca pelo crescimento sustentável

  1. Fator natureza: cada vez mais presente na sala de reuniões

Estima-se que metade do PIB mundial dependa de capital obtido a partir da natureza. O problema é que quase nenhum desses custos está incluído na contabilidade financeira, gestão de riscos ou avaliações de negócios.

Além disso, a crise climática não pode ser resolvida sem a natureza.

A biodiversidade foi, por muito tempo, ignorada pelos mercados de capitais. Mas isso já é passado, e com a popularização das finanças sustentáveis –impulsionada pelo acordo global alcançado na COP15, em Montreal—o tema está no centro das atenções.

Espera-se que haja uma aceleração das definições de KPIs para recursos naturais, bem como para requisitos de divulgação. E, claro, também é necessária uma maior disponibilidade de dados que faça com que produtos e soluções financeiras relacionados à natureza tornem-se cada vez mais comuns.

Recomendação: garantir que as recomendações finais da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD) –esperadas para setembro de 2023—, o alinhamento do ISSB com o TNFD e a colaboração com as seguradoras colaborem para superar esses desafios.

  1. Custo da descarbonização

Atualmente, por incrível que pareça, as empresas ainda têm pouco conhecimento sobre o custo da descarbonização. Quando se trata de atingir suas metas Net Zero, ou seja, de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa, muitas delas precisam medir e quantificar o preço disso.

Mas, a partir deste ano, dimensionar e precificar a descarbonização de um negócio deverá estar no topo da agenda corporativa, pois desafios como o custo de energia ainda se manterão relevantes.

Recomendação: combinar custos com benefícios de curto e longo prazo para ter uma visão completa do quadro. Não há alternativa: no futuro, o preço do carbono será item obrigatório.

Saiba mais sobre como o LSEG pode ajudar sua empresa na busca pelo crescimento sustentável

  1. Reavalie alegações, terminologias e rótulos

Riscos políticos e de litígio estão forçando as empresas a reavaliar suas alegações ESG, além de rótulos de produtos e declarações públicas.

Quer se trate de classificar  fundos como Artigo 6, 8 ou 9, ser um membro da NZAOA, ou chamar uma estratégia de investimento de ESG, o setor financeiro sustentável está andando sobre uma linha muito tênue e que ainda não está claramente definida –o que o torna um segmento crucial para este momento, mas ao mesmo tempo, arriscado.

Recomendação: buscar transparência, além de definições e normas globais.

  1. Financiamento para descarbonização

À medida que o mundo começa a realmente entender (e a computar) os custos da natureza e das mudanças climáticas, é preciso aumentar a quantidade de financiamentos para um plano de transição, acelerando assim a descarbonização do planeta.

Os títulos vinculados à sustentabilidade e os títulos de transição estão crescendo significativamente na União Europeia e na China, o que reabre o debate sobre a necessidade de introduzir taxonomias de transição.

Recomendação: promover orientações claras sobre os planos de transição, fazendo com que se concentrem em modelos de divulgação que permitam a padronização dos dados.

No LSEG, acreditamos que apenas a fusão permanente de finanças e sustentabilidade ajudará a enfrentar de forma eficaz os desafios globais mais urgentes, levando ao crescimento sustentável