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Para ter oportunidades na nova economia verde, comece investindo em dados

Elena Philipova
Elena Philipova
Global Head ESG Proposition, Refinitiv
Lily Dai
Lily Dai
Senior Research Lead, Green Economy, FTSE Russell an LSEG Business

Aproveitar as oportunidades de investimento oferecidas pela transição energética –e, ao mesmo tempo, cumprir com as crescentes regulamentações— dependerá de dados granulares respaldados por um profundo conhecimento da área.


  1. As potenciais recompensas para investimentos atrelados à nova economia verde virão da urgente necessidade de soluções para as mudanças climáticas.
  2. No entanto, o sucesso de qualquer portfólio ambiental depende de dados confiáveis e profundos.
  3. Além de cumprir com esses requisitos, nossos dados de Green Revenues também abrem as portas para o compliance com o regulamento de taxonomia da União Europeia.

Para mais informações baseadas em dados diretamente no seu inbox, assine o boletim semanal Refinitiv Perspectives

Quando o mais recente “Relatório sobre a Lacuna de Emissões” do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) foi publicado, em outubro deste ano, a estimativa era de que seriam necessários entre US$ 4 e 6 trilhões de investimentos globais, a cada ano, para que possamos fazer a transição para uma economia de baixo carbono.

Esses números, colossais, indicam a enorme realocação de capital que deverá ser realizada nas próximas décadas, mas também dão pistas (para quem estiver prestando atenção) das infinitas oportunidades que esse processo de transição industrial pode oferecer.

De fato, as potenciais recompensas para aqueles que pensam em investir na economia verde podem ser significativas. Por exemplo, o FTSE Environmental Opportunities All Share Index –que se concentra em empresas com pelo menos 20% de suas receitas derivadas de produtos e serviços verdes— gerou um retorno anual de 8% nos últimos cinco anos e superou seu índice de referência FTSE Global All Cap em 2,5%. [1]

Green Revenues: estrutura, metodologia e processo de medição desenvolvidos para atender a sua demanda por dados de qualidade que ajudem a monitorar as contribuições para uma economia verde

Soluções para as mudanças climáticas

Amparados pela necessidade de se fornecer soluções para as mudanças climáticas, o desempenho dos investimentos atrelados a iniciativas de sustentabilidade ambiental têm apresentado resultados notáveis no longo prazo.

À primeira vista, nota-se que nos principais mercados globais, as ações de empresas relacionadas à economia verde tiveram performance inferior durante boa parte de 2022, mas isso se deu em função de valuation premiums muito altos após um desempenho especialmente forte desse segmento em 2020 e 2021.

Para se ter uma ideia do tamanho da oportunidade que se apresenta, em 2022, cerca de 108 empresas listadas na Bolsa de Valores de Londres receberam seu Green Economy Mark, o primeiro credenciamento mundial para emissores listados em Londres que geram mais da metade de suas receitas a partir de produtos e serviços verdes. Com uma capitalização de mercado conjunta de £ 156 bilhões, esse grupo contribui para objetivos como mitigação das mudanças climáticas, adaptação, redução de resíduos e poluição, economia circular e agricultura sustentável.

Olhando globalmente, ao longo de doze anos (entre 2009 e 2021), a economia verde dobrou sua participação no mercado global de investimentos, de 4% para mais de 7%. [2]

Como superar a falta de dados granulares

Quando se trata de encontrar oportunidades de investimento ambiental, o principal desafio é a falta de dados granulares, consistentes e confiáveis para avaliar os produtos e serviços verdes das empresas, pois os relatórios corporativos ainda são bastante limitados. Na verdade, embora as taxonomias verdes estejam proliferando no mundo inteiro, é provável que as melhorias nas divulgações ocorram de forma bem gradual.

E, sabemos que o sucesso de qualquer portfólio de investimento ambiental depende de dados aprofundados, compostos de informações públicas de alta qualidade e análises de especialistas que preencham os déficits de informação.

Nosso conjunto de dados FTSE Russell Green Revenues é projetado para fazer exatamente isso. Ele mede as receitas verdes de mais de dezoito mil empresas, utilizando, sobretudo, informações públicas que são cuidadosamente selecionadas e analisadas por nossos especialistas internos.

No caso de lacunas de informações, conseguimos compensar os baixos níveis de divulgação por meio de estimativas robustas das receitas verdes de cada empresa.

Classificação de empresas (por setor) que contam com receitas verdes

Para dar uma ideia da granularidade necessária para identificar oportunidades de investimento ambiental, classificamos as empresas que possuem receitas verdes em todos os setores. Confira nos quadros abaixo:

Sistema de Classificação de Receitas Verdes da FTSE Russell

Sistema de Classificação de Receitas Verdes da FTSE Russell (divisões por setores)

Nosso sistema também classifica o nível de benefícios ambientais das atividades de uma empresa como nível um, dois ou três. Por exemplo, o Fundo de Investimento de Pensões do Governo do Japão (GPIF), o maior fundo de pensões do mundo, usa os dados do Green Revenues para avaliar a contribuição das organizações japonesas para o controle das mudanças climáticas. [3]

Compliance com a legislação de taxonomia da UE

Além disso, os dados do Green Revenues funcionam como um trampolim para que os investidores cumpram com o regulamento de taxonomia da União Europeia. No entanto, embora os dados deem suporte à taxonomia da UE, eles vão além do que a taxonomia exige, fornecendo o tipo de informação necessária para apoiar as decisões de investimento.

E isso é fundamental, pois quase um ano após a introdução da taxonomia, muitos investidores estão percebendo que ela não ajuda na tomada de decisões sobre onde realmente estão as oportunidades de investimento verde. Inclusive, as recomendações da plataforma da UE sobre dados de finanças sustentáveis, publicadas em outubro de 2022, propõem uma série de medidas para melhorar a praticidade da taxonomia. Com cerca de duzentas páginas, esse compêndio de sugestões é, em linhas gerais, um grande avanço, já que ajuda a aprimorar a usabilidade e corrige algumas das dificuldades iniciais da taxonomia.

Segundo as recomendações, também fica claro que estimativas do que é verde e o que não é (como quando uma empresa de petróleo e gás não divulga suas receitas de energia renovável e combustível fóssil) devem ser evitadas para fins de conformidade com a taxonomia. Porém, como acreditamos que os investidores precisam desse nível de detalhamento para reduzir o risco de greenwashing, insistimos em fazer estimativas de receitas verdes e receitas não verdes.

Mas é importante estar ciente de que essas estimativas variam de um fornecedor de dados para outro, assim como as estimativas das emissões de carbono do Escopo 3 das empresas.

Poucos provedores de dados fornecem o nível de granularidade que apresentamos em nossos dados de receitas verdes, com as estimativas de receitas verdes compensando o fato de que os padrões de contabilidade corporativa ainda não exigem divulgação completa.

Green Revenues: estrutura, metodologia e processo de medição desenvolvidos para atender a sua demanda por dados de qualidade que ajudem a monitorar as contribuições para uma economia verde

Economia verde: mais forte a cada dia

Olhando para o futuro, esperamos que o crescimento da economia verde acelere ainda mais, à medida que o mundo se esforça para cumprir com o compromisso de chegar a emissões líquidas zero. E essa transição, se por um lado traz grandes oportunidades para os investidores, por outro, aumenta a necessidade de cumprir com os regulamentos da UE e de outras autoridades reguladoras.

Mas para encontrar boas chances de investimento e ao mesmo tempo garantir o compliance, as empresas dependem de dados de alta qualidade que se adaptem com o passar do tempo –e isso exige o tipo de conhecimento profundo (e em escala) que apenas algumas organizações possuem.

Saiba mais sobre os dados da FTSE Russell Green Revenues,  agora disponíveis nas soluções da FTSE Russell e da Refinitiv

[1]. Retorno anual composto medido ao longo de 5 anos, a partir de 31 de outubro de 2022. FTSE Environmental Opportunities Index Series Factsheet

[2]. FTSE Russell GER 2022

[3]. O GPIF publica a “Análise de 2021 dos Riscos e Oportunidades Relacionados às Mudanças Climáticas no Portfólio do GPIF” | Fundo de Investimento de Pensões do Governo