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Em tempos de pandemia, não descuide da due diligence

Phil Cotter
Phil Cotter
Managing Director, Risk business, Refinitiv

À medida que a resposta global à pandemia segue em evolução, grupos de pessoas sem nenhum tipo de escrúpulo procuram lucrar com a situação, explorando a demanda urgente por remédios e equipamentos médicos. Neste post, mostramos como a Refinitiv pode ajudar a cumprir com as suas obrigações regulatórias em tempos de crise e proteger, além de sua reputação, a vida de pacientes de Covid-19.


  1. No Reino Unido, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para Saúde (Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency, ou MHRA) manifestou preocupação sobre testes de Covid-19 não licenciados que estariam sendo comercializados ilegalmente. Diante dessa ameaça, a entidade passou a investigar um número significativo de possíveis fraudes envolvendo kits de testes falsos para o novo coronavírus.
  2. Levantamentos realizados para um novo relatório da Refinitiv —que ainda não foi divulgado— indicam que há sérios problemas nos processos de aquisição de materiais para a área médica. A análise inicial dos resultados mostra que a percentagem média de empresas do setor de saúde que realizam a due diligence ronda os 50%. Esse índice fica 7% abaixo da média dos outros setores pesquisados.
  3. Proteja a sua reputação e cumpra com as obrigações regulatórias com os processos de Enhanced Due Diligence da Refinitv.

 

As autoridades e reguladores de cada país devem se manter atentos a essas novas ameaças e garantir que os riscos sejam atenuados por meio de programas adequados de due diligence.

Continuidade dos negócios durante a crise de saúde

Governos de todo o mundo adotaram medidas estritas de auto-isolamento a fim de restringir o movimento da população e, por sua vez, a disseminação do vírus. Em consequência, as empresas recorreram a planos de continuidade de negócios em escala inédita.

Essas medidas interromperam o fornecimento de produtos essenciais na maioria dos setores, mas em nenhum deles isso foi mais crítico do que na área da saúde. Diante de uma demanda sem precedentes por medicamentos e equipamentos para ajudar a conter o coronavírus, a indústria tem se esforçado para garantir a entrega de suprimentos legítimos. Entre eles, estão os escassos kits de teste para a Covid-19, bem como equipamentos de proteção individual –os tão comentados EPIs, em falta em tantos hospitais ao redor do mundo.

Due diligence da cadeia de suprimentos

No afã de obter o que se precisa rapidamente, muitos profissionais da área de compras estão deixando de verificar seus fornecedores de forma adequada. E, em meio a esse cenário conturbado, pessoas inescrupulosas e bandos do crime organizado começam a tirar proveito da demanda urgente, enganando as empresas e o público em geral com materiais e equipamentos falsificados.

Com a nova ameaça, as agências reguladoras já passaram a soar o alarme, e agora instam as autoridades locais e os prestadores de serviços de saúde a permanecer atentos e a atenuar os riscos por meio de programas apropriados de due diligence.

No Reino Unido, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para Saúde (Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency, ou MHRA) manifestou preocupação sobre testes de Covid-19 não licenciados que estariam sendo comercializados ilegalmente. Desde então, a entidade vem investigando um número significativo de possíveis fraudes envolvendo kits de testes falsos para o novo coronavírus.

A MHRA também informou que em uma de suas recentes operações, batizada de Pangea, foram encontrados 2.000 anúncios on-line relacionados ao Covid-19, e apreendidos mais de 34.000 produtos falsificados e não licenciados anunciados como “spray corona”, “medicamentos para coronavírus” ou “kits anti-coronavírus”.

Durante o curso normal dos negócios (ou em períodos normais), os processos de abastecimento e de compra de equipamentos costumam ser rigorosamente supervisionados. Em indústrias fortemente regulamentadas, por exemplo, há requisitos para a realização da due diligence e monitoramento de fornecedores e terceiros.

Já em tempos de crise, existe o perigo de contornar o rigor normal associado a esses procedimentos para agilizar o recebimento de produtos que geralmente estão em falta no local.

As conseqüências de se fazer isso no setor de saúde durante uma pandemia como a atual podem ser terríveis. Isso porque, além de colocar em risco a saúde do público em geral, também podem resultar em ações punitivas por parte das entidades reguladoras.

No momento em que grupos criminosos atacam insistentemente o setor de saúde para lucrar com a doença, é imperativo que as organizações intensifiquem a sua vigilância e, em vez de adotar processos simplificados de due diligence, recorram a verificações aprimoradas para fornecedores e terceiros.

Como são feitas as compras de equipamentos médicos?

Levantamentos realizados para um novo relatório da Refinitiv –que ainda não foi divulgado— indicam que há sérios problemas nos processos de aquisição de materiais para a área médica. A análise inicial dos resultados mostra que a percentagem média de empresas do setor de saúde que realizam a due diligence ronda os 50%. Esse índice fica 7% abaixo da média dos outros setores pesquisados.

Neste momento de crise, deficiências nos procedimentos de due diligence tornam-se cada vez mais frequentes. Muitas empresas, que realizavam seus processos dentro dos rigores exigidos pela legislação, agora tendem a encurtar caminhos para agilizar o fornecimento de materiais urgentemente necessários.

Antes de contratar novos fornecedores, os prestadores de serviços de saúde (públicos e privados) devem seguir algumas considerações básicas de due diligence, como confirmar a existência e o status ativo de uma entidade corporativa.

Os registros oficiais do governo fornecem uma visão razoável de propriedade, mas também devem ser realizadas verificações legais e regulatórias sobre a aderência a licenciamentos e quaisquer outras ações adversas, bem como análises globais de compliance.

Igualmente importante é a condução da due diligence sobre a entidade em bancos de dados de mídia e de internet. Isso deve ser feito especificamente para avaliar possíveis riscos que ainda precisam ser rastreados formalmente por ações legais ou regulamentares.

Embora as recomendações possam parecer onerosas à primeira vista, a maioria dessas informações está disponível ao público e podem ser acessadas facilmente pelas empresas especializadas em processos de due diligence.

Due diligence para o setor de saúde

Devido à complexidade das cadeias de suprimentos e os atuais problemas de demanda de suprimentos médicos, os programas de due diligence devem considerar potenciais fornecedores no contexto das jurisdições em que operam, o que geralmente determina o ambiente comercial, jurídico e regulatório.

A transparência de uma jurisdição (ou a falta dela) é fundamental na hora de analisar um governo e sua capacidade de fornecer um ambiente seguro, justo e produtivo para todos os interesses comerciais.

Em tempos de crise ou não, as empresas devem se manter vigilantes às constantes ameaças de criminosos que procuram explorar compradores de todos os tipos, em todos os setores, quando a oportunidade se apresenta.

Segundo informações de entidades policiais e agências governamentais, mesmo os setores mais seriamente regulados, como o de saúde, têm sido alvo de golpes e fraudes devido ao extraordinário estresse de oferta e demanda que enfrentam.

Os prestadores de serviços de saúde públicos e privados, assim como todas as empresas que sentem a pressão em suas cadeias de suprimentos, devem mitigar esses riscos seguindo diretrizes básicas de due diligence para, por exemplo, confirmar a real existência de um fornecedor ou rastrear problemas legais, regulatórios e de reputação.

A implementação do programa correto de due diligence ajudará a sua organização a tomar decisões com base em uma ampla gama de informações, o que ajuda a proteger tanto os seus negócios quanto o mundo ao seu redor.


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