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Inteligência Artificial na gestão patrimonial

Patrick Donaldson
Patrick Donaldson
Head of Market Development, Wealth Management – Asia Pacific & Japan

Os gestores financeiros têm recorrido cada vez mais à inteligência artificial (IA) para atender às necessidades de uma nova geração de indivíduos com grande liquidez e, ao mesmo tempo, adeptos da tecnologia. Em um recente debate da Refinitiv, destacamos algumas das tendências em IA para gestão patrimonial, incluindo a importância do emprego de dados de qualidade e do sentimento do mercado.


  1. Indivíduos mais jovens, com grande patrimônio líquido e entusiastas dos avanços tecnológicos estão moldando as tendências em gestão financeira, impulsionados por sua preferência por serviços completamente digitais.
  2. As empresas de gerenciamento patrimonial têm recorrido à Inteligência Artificial a fim de proporcionar uma experiência mais rica ao cliente, além de aumentar a produtividade dos seus gestores, liberando-os para executar tarefas estratégicas de maior valor.
  3. Em um recente debate organizado pela Refinitiv, abordamos as principais tendências de IA na administração de patrimônio, considerando os desafios em torno da qualidade e do fornecimento de dados.

Na próxima década presenciaremos um aumento na demanda por serviços de gestão de capital, impulsionado pelo crescimento do número de novos indivíduos com alto patrimônio líquido (high net worth individuals, ou HNWIs, na sigla em inglês) e pela quantidade significativa de riqueza que será transferida de uma geração para outra.

De acordo com o Asia-Pacific Wealth Report (APWR) de 2018, divulgado pela Capgemini, essa região registrou uma elevação de 12,1% na população de HNWI em 2017, e de 14,8% na riqueza, com previsão de ultrapassar os US$42 trilhões em 2025.

Embora não exista um número definitivo para o valor global de riqueza que deverá ser transferido durante esse período, a pesquisa, do Asian Private Banker, sugere que apenas na Ásia ele possa chegar a US$ 9,5 trilhões.

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Relacionamento digital

Uma consideração essencial para os gestores são as preferências de uma geração mais jovem de HNWI, cada vez mais adeptos de novas tecnologias e de “pontos de contato” digitais em detrimento do atendimento convencional, realizado pessoalmente.

Com acesso a volumes de dados sem precedentes, as instituições financeiras têm agora a oportunidade de implementar programas de inteligência artificial (IA) para proporcionar ao clientes uma experiência mais rica. Ao mesmo tempo, elas propiciam um aumento de produtividade em seus quadros, liberando os profissionais para se dedicar a atividades de maior valor estratégico.

Apesar dos aspectos positivos, não podemos esquecer que essas mudanças também trarão sérios desafios.

A seguir, confira as dez tendências de Inteligência Artificial que estão moldando a gestão de capital, segundo o recente debate Applying AI to Wealth, organizado pela Refinitiv e com a participação de representantes de alguns dos principais bancos privados e corretores de varejo da Ásia.

  1. Busca por dados de qualidade

Os aplicativos de Inteligência Artificial são tão bons quanto os dados em que se baseiam. E o problema é que a qualidade dos dados mantidos pelos gestores de capital não é a ideal nem deriva de uma fonte única –impedimentos que prejudicam o potencial da IA.

A solução é criar políticas sistemáticas para capturar, armazenar e gerenciar dados nas empresas. Os profissionais também deveriam trabalhar com fornecedores que possam ajudá-los na implementação desses programas, bem como na análise e gerenciamento diários de conjuntos de dados.

  1. Combinação de dados proprietários e externos

Para maximizar o potencial da IA, os gestores patrimoniais precisam combinar seus dados proprietários com os de fontes externas. Embora isso implique em desafios relativos à qualidade, tecnologia e privacidade, entre outros, os insights que emanam desse processo podem ser significativos.

Para captar o impacto provocado por um evento de notícias, por exemplo, as empresas devem mapear fontes alternativas de dados para empregar no portfólio de um cliente. Somente ao juntar todas essas informações, os gestores conseguirão desvendar as verdadeiras oportunidades e riscos apresentados por tal evento.

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  1. O emprego da IA em novas tarefas

Uma das razões da crescente utilização da Inteligência Artificial na gestão de capital é o seu potencial de ir além das tarefas convencionais, como KYC e gerenciamento de riscos, para sugerir novas formas de melhorar o relacionamento e a experiência do cliente.

Por um lado, as instituições estão explorando como tornar seus gestores de relacionamento mais produtivos. E, por outro, há uma nova geração de consumidores ansiosos por serviços predominantemente on-line, o que tem levado os bancos a repensar suas ofertas digitais.

Assista ao vídeo: Applying AI to Wealth Management with MarketPsych Indices

  1. Inteligência Artificial para ideias de investimento

O sentimento dos investidores em relação a um determinado ativo consegue prever se ele será comprado ou passado adiante. Em geral, há um intervalo de tempo entre um evento e uma alteração no preço do ativo, já que as pessoas demoram para avaliar suas posições.

A Inteligência Artificial, entretanto, permite aos profissionais de finanças rastrear em tempo real o sentimento do mercado para prever o movimento de ativos negociáveis e fornecer sofisticadas recomendações à clientela.

O MarketPsych Indices, por exemplo, gera análises simplificadas e em tempo real de informações obtidas em mídias sociais e em canais de notícias. Isso é possível porque a ferramenta vasculha continuamente mais de 2.000 fontes de notícias financeiras, 800 blogs, sites de armazenamento de mensagens e plataformas de mídia social para avaliar a percepção do mercado em relação a ações, títulos, commodities, países, moedas e até criptomoedas.

Esses índices, baseados em IA, informam os gestores em tempo real sobre o desempenho esperado para determinado ativo e tentam prever se isso acarretará em um resultado positivo ou negativo.

  1. Aplicações baseadas em IA superando as convencionais

Segundo o MarketPsych, as 100 principais ações avaliadas com sentimentos positivos cresceram 14 vezes entre 1998 e 2018. Esse é um desempenho sete vezes maior do que o do índice S&P500 no mesmo período. Essa performance não se limita aos mercados dos EUA; as principais bolsas do mundo mostraram tendências semelhantes nessas duas décadas.

Oferecer aos gestores esses insights aumenta consideravelmente o valor do serviço que eles entregam aos clientes, já que todos terão mais facilidade para formar opiniões sobre ideias de investimento.

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  1. Explicações mais claras

Em geral, a dificuldade para explicar as noções de IA é um desafio para os gerentes de capital e seus clientes. Isso porque todos desejam compreender de onde veio determinada recomendação de investimento e muita gente é descrente em relação a informações “criadas por máquinas”.

Por isso, os profissionais do mercado financeiro precisam ser capazes de contar aos investidores como chegaram a uma conclusão específica. Da mesma forma, quando um gestor não concorda com uma máquina, os cientistas de dados devem demonstrar como aquele resultado foi alcançado –de maneira transparente e fácil de entender.

  1. Colaboração entre front e back office

A maioria dos programas de Inteligência Artificial continua sendo executada por equipes de TI do back office, criando uma desconexão com o front office. Assim, os gestores podem se preocupar com o fato de as idéias geradas por IA não corresponderem às reais necessidades dos consumidores.

Como os gerentes de relacionamento não costumam ter motivação para capturar conjuntos de dados, a solução é incentivar o front office a coletar novos dados e colaborar com colegas que desenvolvam produtos e serviços baseados em IA. O resultado deverá gerar maior produtividade e uma melhor experiência para os clientes.

  1. Abordagem holística para a regulamentação

As regulações que regem a aplicação da IA ​​na gestão patrimonial na Ásia costumam ser confusas, ou mesmo, inexistentes. Como os profissionais têm preocupações com prestação de contas e responsabilidade social, podem se sentir desconfortáveis ​​com a tomada de decisões sem algum tipo de envolvimento humano.

Os desafios de segurança cibernética também são um grande obstáculo em muitas empresas, e os problemas relacionados à criptografia e ao uso indevido de informações pessoais, preocupantes.

Embora não exista uma solução única para todos problemas, o diálogo contínuo com os reguladores e a implementação de políticas robustas de segurança e de privacidade de dados aliviarão muitos dos desafios atuais.

  1. A manipulação do mercado está em ascensão?

Apesar de a Inteligência Artificial atender às necessidades dos profissionais financeiros e de seus clientes, há perigo de ela também ser utilizada para a manipulação de mercados? Por meio de bots, é possível, sim, influenciar o sentimento do mercado e levar investidores a comprar ou vender determinados ativos. Ferramentas avançadas de monitoramento baseadas em IA, no entanto, são capazes de reconhecer esse tipo de atividade e isolá-la.

  1. O envolvimento humano continua sendo crucial

Apesar dos significativos avanços tecnológicos ocorridos na última década, as pessoas ainda são essenciais para o desenvolvimento, gerenciamento e supervisão da IA. Portanto, a visão utópica de máquinas que prestam serviços de gestão patrimonial de forma autônoma é irreal.

A Inteligência Artificial tem a capacidade de transformar a experiência do cliente em empresas de serviços financeiros, além de permitir aos gestores se dedicar a tarefas estratégicas. Mas, para isso, os profissionais precisam se concentrar na qualidade de seus dados e trabalhar em estreita colaboração com as equipes de back office.

Para saber mais sobre como os gestores de capital podem utilizar a Inteligência Artificial no seu dia-a-dia, ouça o webcast Putting the AI in Data

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