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Soluções tecnológicas para os crimes financeiros

Para acirrar o combate aos crimes do colarinho branco, as organizações precisam identificar más condutas antes que elas se transformem em atos ilegais. Em mais um capítulo de nossos “Expert Talks”, entrevistamos o Dr. Eugene Soltes –autor de “Por que eles fazem isso: dentro da mente do criminoso do colarinho branco”— sobre o papel da análise de dados e do machine learning nessa luta.


  1. Os autores de crimes de colarinho branco geralmente não têm consciência dos danos que suas ações causam. Eles acreditam que, por envolver grandes empresas, esse tipo de crime não inclui pessoas entre as suas vítimas.
  2. Há muitas organizações que apesar de serem sólidas, íntegras e de estarem em dia com as normas regulatórias, inadvertidamente toleram de seus funcionários comportamentos que podem levar a má conduta.
  3. Como crimes financeiros nem sempre são imediatamente perceptíveis, a análise de dados e o machine learning podem ser essenciais para identificar indícios desses atos ainda em estágio precoce.

Em teoria, o rastreamento e a punição de crimes cometidos por executivos de grandes corporações parecem simples. Mas no mundo real, a história é outra. Frequentemente, uma série de fatores inesperados entram em cena.

Para começar, a ação não costuma ser tão óbvia quanto se imagina. E o ambiente onde ela ocorre –em que as decisões precisam ser tomadas com rapidez— faz com que o pensamento corporativo homogêneo acabe inibindo indivíduos que poderiam soar algum tipo de alarme.

Além disso, aqueles que cometem essa forma de crime geralmente não têm consciência sobre as reais consequências de suas ações. Isso porque, ao contrário de outros delitos, eles não têm contato com as pessoas que estão prejudicando.

As principais vítimas: seres humanos

Há uma falsa percepção de que os crimes do colarinho branco afetam somente os negócios, grandes empresas, e, portanto, não fazem vítimas de carne e osso. Essa ideia, no entanto, é completamente equivocada.

Por isso, a Refinitiv, comprometida em aumentar a conscientização sobre o problema, realizou uma pesquisa global sobre crimes financeiros em 2018, em que analisou as respostas de mais de 2.300 gerentes de nível sênior e executivos C-Level em 19 países.

Como parte da pesquisa, também conduzimos entrevistas com importantes ONGs internacionais para descobrir a real extensão das consequências desses delitos.

Nosso estudo revelou que eles contribuem para tragédias humanitárias como escravidão moderna, que atinge cerca de 40,3 milhões de pessoas em todo o mundo.

Há ainda uma série de outros danos que resultam desses atos e prejudicam muitas vidas. Entre eles, está a perda de receita tributária, que compromete severamente o financiamento de serviços essenciais, como educação e saúde.

Acesse nosso relatório True Cost of Financial Crime

 

 

Liderança ética

Mas, afinal, por que esse tipo de ação ainda prospera em algumas organizações? O Dr. Eugene Soltes, professor associado de administração de empresas da Harvard Business School e autor do livro “Por que eles fazem isso: dentro da mente do criminoso do colarinho branco”, oferece respostas para essa pergunta em um recente Expert Talk realizado pela Refinitiv.

Ele afirma que muitas organizações, apesar de serem sólidas, íntegras e de estarem em dia com as normas regulatórias, inadvertidamente toleram de seus funcionários comportamentos que podem levar a contravenções como essa. E acrescenta: “freqüentemente, essas falhas comportamentais envolvem profissionais de nível sênior”.

“São pessoas que vão para casa no final do dia e não se julgam criminosos. Afinal, para eles essa má conduta corporativa é normal, pois estão cercados por isso diariamente e não veem nada de anormal”, diz Soltes.

A questão torna-se ainda mais complexa pelo fato de existirem muitos exemplos nos quais o comportamento profissional ultrapassa a linha ética, mas ainda pode ser considerado legal.

Por isso, para Eugene Soltes, a boa liderança corporativa exige que nunca se cruze os limites éticos, independentemente da legalidade, porque os danos à reputação podem ser muito mais graves do que as consequências regulatórias.

Onde está o problema?

Em retrospectiva, costuma ser fácil identificar decisões que são inerentemente ruins. Mas possíveis erros nem sempre são tão óbvios no momento em que uma atitude está sendo tomada. Portanto, é fundamental que as empresas foquem na identificação de problemas ainda em estágio inicial.

E é exatamente aqui que os avanços na análise de dados podem ajudar. Isso porque, se as organizações forem capazes de extrair mais informações do ambiente em que seus profissionais operam, elas poderão detectar possíveis problemas ainda no início.

Ao levar as empresas a perceber ações questionáveis no dia-a-dia, essa tecnologia permite que se interceda antes de qualquer transgressão realmente ocorrer.

Análise de dados e machine learning

Os protocolos de boas práticas corporativas indicam que não há substituto para a due diligence realizada de forma completa e rigorosa. O problema é que a infinidade de dados disponíveis hoje em dia representa um fardo para as (sempre sobrecarregadas) equipes de compliance.

O acesso à tecnologia de ponta se tornou um dos principais diferenciais de uma organização de sucesso. Recentes avanços na área de análise de dados e de machine learning resultaram em ferramentas inteligentes com maior capacidade de avaliar riscos e reduzir encargos de compliance.

Sabemos que compreender e identificar um comportamento que pode levar a uma má conduta não é tarefa fácil. No entanto, a tecnologia atua a nosso favor, permitindo que as empresas maximizem recursos existentes e trabalhem de forma mais inteligente para combater os crimes financeiros.

Leia na íntegra o nosso Expert Talk: Seeing and avoiding the financial crime before you commit it