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Com base em dados alternativos, investidores já fazem prognósticos sobre a trajetória econômica

A pandemia de Covid-19 fez com que a economia global mergulhasse em uma crise sem precedentes. E, diante da natureza única dos atuais desafios, os investidores têm se adaptado às novas práticas de trabalho e apelado a formas inovadoras de análise de dados. Veja, neste post, como notícias estratégicas e dados alternativos ajudam a prever o início da recuperação econômica.


  1. No webinar “The Impact of News and Data in a Fast-paced Market”, os palestrantes convidados pela Refinitiv destacaram a importância de notícias estratégicas e dados alternativos –como índices de confiança do consumidor e a oscilação na demanda de PPI, respectivamente— para se identificar melhorias no mercado. Além disso, pesquisas com consumidores Refinitiv/IPSOS sugerem que uma recuperação da crise gerada pela Covid-19 já encontra-se em andamento em alguns países.
  2. A pandemia também forçou um grande número de pessoas em todo o mundo a trabalhar de suas casas. E, segundo o webinar, 40% dos participantes acreditam que são mais produtivos nesse novo ambiente. Para 30%, no entanto, o maior desafio é a falta de contato interpessoal.
  3. O webinar também abordou o impacto da Covid-19 sobre os investimentos que levam em conta fatores ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Os dados da Refinitiv Lipper mostraram que 55% dos fundos relacionados a ESG superaram o mercado.

A pandemia criou uma crise financeira pouco ortodoxa. Diante da dificuldade de prever o comportamento dos mercados globais, são os chamados conjuntos de dados alternativos, além das notícias, que têm permitido aos investidores analisar o momento econômico e, consequentemente, as perspectivas de recuperação.

No recente webinar organizado pela Refinitiv, “The Impact of News and Data in a Fast-paced Market”, Pete Sweeney, editor de economia da Ásia na Reuters Breakingviews, afirmou: “É prematuro apostar em uma recuperação antes de entendermos a natureza do choque. A crise se desenrolou de forma extremamente rápida, e grande parte de seu verdadeiro impacto econômico ainda não foi sentida.”

Clique aqui para ter acesso à íntegra do webinar: The Impact of News and Data in a Fast-paced Market

 Crise peculiar

A crise financeira causada pelo novo coronavírus é diferente das anteriores. Além de não ser cíclica, ela surge após uma década de um crescimento global sincronizado, que foi sustentado por intervenções dos bancos centrais.

Medidas como taxas de juros ultra baixas e flexibilização quantitativa (Quantitative Easing, ou QE) foram eficazes, mas apenas marginalmente. O surto de Covid-19 forneceu uma desculpa que muitos almejavam para reavaliar ativos supervalorizados.

Infelizmente, a reprecificação dos ativos foi complicada pelo mercado bastante fragmentado que vemos hoje em dia. Desde a crise financeira global (Global Financial Crisis, ou GFC), os investidores de varejo tiveram maior acesso ao mercado por meio de ETFs exóticos e moedas virtuais, enquanto a influência da China na economia mundial se intensificou.

Além disso, os mercados também estão mais complicados, em decorrência de mudanças estruturais e psicológicas que permanecem pouco compreendidas. Alguns exemplos dessa condição são o fracasso do QE em gerar inflação, a resiliência dos preços das ações a notícias negativas, a reversão da globalização e a ampla adoção do trabalho remoto.

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O que está acontecendo na China?

A resposta da China para combater as atuais conseqüências econômicas tem sido um pouco abafada, especialmente quando comparada a suas ações durante a GFC. Naquela época, o país injetou 4 trilhões de RMB (US$ 586 bilhões) na sua economia, o que ajudou a apoiar parceiros comerciais em todo o mundo.

Pete Sweeney acredita que a atual falta de ação da China se deve ao alto índice de empréstimos vencidos (provavelmente muito mais alto do que os dados oficiais sugerem). Outros possíveis fatores incluem o desemprego, estimado em cerca de 20%, e o aumento do nível de endividamento das famílias.

Indicadores alternativos de recuperação

Sweeney também apontou que uma queda na demanda por equipamentos de proteção individual, softwares de trabalho remoto e desinfetantes indica que o mundo poderia estar voltando ao normal.

Outros sinais podem incluir uma menor demanda por ouro, criptomoedas e outras alternativas ao caixa e aos valores mobiliários convencionais, segundo informações divulgadas nos resultados trimestrais e nos índices de preços, respectivamente.

Dado que muitos indicadores macroeconômicos, como o desempenho do PIB, são divulgados semanas ou meses após a ocorrência dos eventos, pode ser um desafio para os investidores adquirir os dados necessários para tomar decisões oportunas.

Por isso, Callum Thomas, chefe de pesquisa da Topdown Charts, sugere o uso de conjuntos de dados alternativos que são monitorados em tempo real. “Os investidores devem considerar indicadores de alta frequência, como pesquisas com consumidores Refinitiv/IPSOS, vários PMIs, revisões de resultados e o impacto do coronavírus sobre setores como companhias aéreas, hotéis e shopping centers, em comparação com os de comércio eletrônico, esportes eletrônicos e cuidados de saúde”, diz

Comparar a confiança dos consumidores que vivem em países onde a recuperação da pandemia já começou com a daqueles onde a crise está se aprofundando exemplifica a eficácia de dados alternativos.

Em lugares como China, Coréia do Sul e França, onde o pior já ficou para trás, o sentimento do consumidor está mais uma vez aumentando, e a confiança na economia em geral vem crescendo, provocando uma recuperação do mercado.

No entanto, em locais como Índia, Brasil e México, onde a crise sanitária ainda é grave, esse sentimento está em queda livre.

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Callum Thomas tem a visão um tanto incomum de que as crises são positivas para os investidores: “Se todo mundo espera um movimento de queda, isso significa que ele será de alta. E isso é bom porque, em algum momento, a história mudará e eles voltarão a bordo.”

Em uma terceira enquete conduzida durante o webinar, quase metade dos participantes disse que suas posições de investimento eram defensivas.

Desafios do trabalho remoto

Em outra pesquisa realizada por ocasião do webinar, 40% dos participantes disseram que consideravam trabalhar em casa mais produtivo do que no escritório. No entanto, quase um terço disse que considerava a falta de contato pessoal um grande desafio.

Diante desses resultados, fica claro que essas mudanças podem ter efeitos complexos e abrangentes, o que, por sua vez, trariam impactos inesperados para o mundo e os mercados globais.

Clique aqui para assistir: Refinitiv Economic Data, powered by Datastream

ESG está superando o mercado?

Com os mercados de ações tendo perdido, em média, cerca de 20% de seu valor desde o início da crise, há uma certa preocupação com que a tendência de integração de fatores ESG nas carteiras diminua.

No entanto, um estudo com dados da Refinitiv Lipper coletados entre 31 de janeiro e 31 de março deste ano (desenhado para comparar o desempenho de cerca de 34.300 fundos com seu respectivo indicador técnico) descobriu que 45% dos fundos convencionais superaram o mercado, contra cerca de 55% dos fundos de ESG.

 

“Os fundos amparados em índices ESG começarão a murchar à medida que o mercado voltar a operar em alta?” pergunta Jamie Coombs, chefe de desenvolvimento de mercado, investimentos e consultoria da ASEAN e do Pacífico na Refinitiv. “Embora seja importante observar que nosso estudo foi realizado por um período de tempo limitado, os dados sugerem que os fatores de ESG já são parte integrante do investimento prudente, e uma melhor escolha para os investidores”, conclui ele.

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