Ir para conteúdo

De olho no investimento sustentável

Elaine Tan
Elaine Tan
Analista Sênior, Deals Intelligence

Em meio à nova tendência de finanças sustentáveis, os títulos verdes captaram 86 bilhões de dólares apenas no primeiro semestre de 2019. Para proporcionar uma visão abrangente sobre esse novo mercado, revelamos aqui as principais tendências globais do setor e quais áreas têm atraído o interesse dos investidores.


  1. A análise do mercado de títulos da Refinitiv demonstra que os títulos verdes (green bonds, no mercado internacional) captaram US$86 bilhões no primeiro semestre de 2019, um aumento de 26% em relação ao ano anterior.
  2. O crescimento da demanda por títulos verdes ocorreu em todas as regiões, mas na Ásia-Pacífico essa elevação chegou a 30% em relação ao ano anterior, levando a uma participação de mercado de 22%.
  3. Na Europa, a emissão de títulos verdes é amplamente impulsionada pela França, que responde por 13,4% da captação global desses produtos e é o país emissor mais ativo no mundo.

O interesse dos investidores em títulos verdes cresceu de forma intensa no primeiro semestre de 2019, com US$86 bilhões captados globalmente –um aumento de 26% em relação ao mesmo período de 2018.

 

 

Clique aqui para fazer o download da Análise da Refinitiv sobre o desempenho dos Títulos Verdes (Green Bonds) no 1º semestre

O crescimento dos chamados green bonds continua a ser mais forte na Europa, onde a participação no mercado global atinge 55%. Esse índice é, em grande parte, impulsionado pela França, que detém 13,4% do volume total desses títulos, tornando-se o país emissor mais ativo do mundo.

 

A gigante francesa do setor de energia, Engie SA, foi a maior emissora corporativa de títulos verdes nos primeiros seis meses deste ano. A Alemanha também teve um semestre movimentado, elevando sua participação nesse mercado para 8%, o que incluiu uma oferta recorde de títulos do KfW Bankengruppe de US$3,4 bilhões.

Crescimento dos green bonds

“Os títulos verdes e negócios relacionados a investimentos sustentáveis em geral têm proliferado intensamente nos últimos anos. Isso reflete o crescente foco de empresas e investidores em questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), e mostra como as organizações podem gerar bons resultados alinhadas às metas de desenvolvimento sustentável de 2030 da ONU”, diz Leon Saunders Calvert, head de Investimentos Sustentáveis ​​e Ratings de Fundos da Refinitiv.

Ele acrescenta: “Também mostra que é necessária uma maior cobertura de dados nessa área, como detalhes sobre a utilização de recursos da emissão de títulos verdes e sobre como os emissores irão melhorar seu impacto ambiental”.

Os rendimentos dos títulos verdes são destinados a investimentos em projetos ecologicamente corretos. E embora hoje em dia eles representem uma pequena parcela do mercado global de títulos, regiões como a Ásia têm trabalhado arduamente para acompanhar os progressos já vistos na Europa.

Para se ter uma ideia, a região Ásia-Pacífico alcançou 25% de participação de mercado no último semestre –e vem crescendo 30% ano a ano. As Américas surgem em terceiro lugar, com uma parcela de 19% do negócio.

No entanto, um achatamento do crescimento na China, e um aumento de 60% nos EUA, transformaram o país norte-americano no segundo maior emissor nesse mercado, diminuindo a diferença entre as duas regiões.

Mutuários corporativos

Já o Japão emitiu US$ 2,2 bilhões de green bonds no primeiro semestre, um crescimento de 73%, enquanto a Coréia do Sul, que veio de um patamar bem baixo no ano passado, captou impressionantes US$3,9 bilhões no mesmo período.

Outros destaques da primeira metade de 2019 incluem a oferta inaugural de US$1 bilhão de Hong Kong, e a emissão de US$1,4 bilhão de títulos de dívida soberana do Chile.

Após um período de domínio das agências governamentais e instituições financeiras na emissão desses títulos, começamos, desde o ano passado, a ver uma maior diversificação nos participantes desse mercado. O setor de energia, em particular, vem abocanhando uma fatia bem maior do bolo: de 13% de participação no primeiro semestre de 2018, cresceu para 23% no mesmo período de 2019.

Mutuários corporativos de vários setores também emergiram como emissores bastante ativos, incluindo Apple, Starbucks e Verizon Communications.

A Starbucks, por exemplo, anunciou um green bond de US$1 bilhão, cujo rendimento será destinado à compra de estoques de café de origem comprovadamente ética e a programas de apoio a cafeicultores e agricultores. É o terceiro título desse tipo emitido pela empresa –e o de maior valor até hoje.

Nossa análise do mercado de títulos verdes e tabelas de classificação são realizadas por meio de nossa parceria com a Climate Bonds Initiative.

 

Clique aqui e descubra como nossas tabelas de classificação e relatórios podem ajudá-lo a analisar as tendências do mercado e avaliar o cenário competitivo em constante mudança