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Pesquisa – Banco Central cortará Selic em 0,25 pontos percentuais para 4%

O Banco Central do Brasil deve reduzir as taxas de juros na próxima quarta-feira, mas provavelmente se absterá de um corte mais profundo como o feito por outros BCs para proteger suas economias do surto de coronavírus, mostrou uma pesquisa da Reuters nesta sexta-feira.

As autoridades brasileiras já estavam enfrentando a mais fraca recuperação econômica já registrada antes do surgimento dessa última ameaça global. O real acumula depreciação nominal de 16,1% neste ano até a quinta-feira, com baixa de 11,4% desde a última decisão do Copom, em 5 de fevereiro. E o Ibovespa .BVSP, índice que é referência para o mercado acionário brasileiro, cai 37,4% desde a última decisão de política monetária e 37,2% no acumulado do ano.

O Banco Central provavelmente tentará um meio termo entre a alternativa de manter a taxa inalterada –o que daria algum suporte ao combalido real, mas às custas da atividade econômica– e a opção de um corte mais intenso –que poderia ser mais eficaz para a economia, mas golpearia ainda mais a moeda.

A economia está perdendo força novamente, à medida que o governo do presidente Jair Bolsonaro luta para gerar confiança por meio de reformas em um momento em que o efeito cascata do surto de coronavírus atinge as exportações brasileiras para a China.

O Comitê de Política Monetária (Copom) provavelmente reduzirá a taxa básica de juros, a Selic, para 4,00% ao ano, de 4,25%, ao fim de sua reunião de 18 de março, de acordo com 13 dos 26 analistas consultados entre 9 e 13 de março.

“Esperamos um corte de 25 pontos-base em março e outra rodada em maio”, disse Flávio Serrano, economista-chefe do Haitong Brasil. “Isso evitaria maior deterioração das condições financeiras e acrescentaria apoio à economia.”

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Oito dos analistas que responderam a sondagem previram uma redução mais agressiva, de 50 pontos-base, para 3,75%, enquanto cinco disseram que não esperavam nenhuma mudança.

Um corte de 25 pontos-base viria na sequência de redução de igual valor no mês passado e se somaria às cinco diminuições anteriores na taxa básica, em um ciclo de flexibilização de política monetária iniciado em agosto com o objetivo de injetar estímulos extras para acelerar uma apática recuperação econômica.

No entanto, alguns dizem que o BC não perderá tempo e, ao contrário, se juntará a seus pares das principais economias, que enfrentam violentas turbulências nos mercados financeiros e temores de uma recessão global.

“Tendo em vista os cortes de 50 pontos-base do Fed, do Banco da Inglaterra e do Banco do Canadá nos últimos dez dias, o caso de um corte igual no Brasil deve ser incontroverso”, disse William Adams, economista sênior da PNC Financial.

Ainda assim, a maioria prevê um movimento mais modesto, seguido por outro corte de 25 pontos-base no segundo trimestre, com a Selic descendo a 3,75% até o final de 2020.

O real BRBY está em uma espiral de desvalorização desde meados de fevereiro, testando novas mínimas, com o dólar chegando a superar 5 reais na véspera. A fuga para ativos seguros em detrimento de mercados emergentes aumentava as dúvidas sobre a capacidade do governo brasileiro de conter seu déficit.

Os preços ao consumidor até o momento não acusaram a pressão de uma taxa de câmbio mais fraca, com o IPCA de 12 meses até fevereiro em alta de 4,01%, em linha com o centro da meta definida para este ano, de 4,00%.

Contudo, o BC tem estado mais preocupado com esse cenário e vem intensificando as intervenções no mercado para apoiar o real. O dólar BRBY subia nesta sexta-feira, a 4,8052 reais, e o Ibovespa .BVSP saltava 9,1%, um dia após sofrer o maior tombo diário desde 1998 e descer à menor pontuação desde junho de 2018.

Confira a pesquisa completa