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COVID-19 e interrupções nas cadeias de suprimentos

Nicholas Belani
Nicholas Belani
Enhanced Due Diligence Transformation Manager, Refinitiv

Os problemas nas cadeias de suprimentos causados pela expansão do COVID-19 ressalta a natureza frágil dos Planos de Continuidade dos Negócios (PCN). Como as empresas podem se preparar melhor para os desafios futuros?


  1. Diante das interrupções nas cadeias de suprimentos provocadas pela COVID-19, as empresas deveriam revisar seus planos de continuidade de negócios.
  2. É essencial saber onde há maior probabilidade de ocorrer uma ruptura na cadeia de suprimentos, como os governos reagirão e se fornecedores alternativos estarão disponíveis a qualquer momento.
  3. A Due Diligence pode ajudar a mapear as jurisdições dos fornecedores e aplicar uma classificação de risco-país, identificando o risco potencial de cada um deles conforme a importância que têm para as operações da empresa. Assim é possível promover uma compreensão contínua da exposição da organização e acionar meios para mitigá-la.

Em meio à disseminação do novo coronavírus –COVID-19 é o nome da doença— as empresas concentraram-se em garantir a segurança de seus funcionários e revisar as cadeias de suprimentos, na tentativa de estabelecer algum tipo de continuidade dos negócios.

A crescente interconectividade dos mercados resultou em cadeias de suprimentos complexas, que englobam jurisdições e setores atualmente prejudicadoss pelos efeitos residuais do novo vírus.

E, como os mercados vêm demonstrando, os efeitos econômicos de tudo isso estão apenas no início.

Legenda: Índice FTSE 100 e Dow Jones Industrial Average (março de 2019 e março de 2020)

Considerando que o surto de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa) ocorreu há dezessete anos, recentemente os Planos de Continuidade de Negócios (PCN) foram desafiados sobretudo por tensões geopolíticas, como tarifas comerciais, e desastres naturais. Mas a súbita escalada da COVID-19 demonstrou a vulnerabilidade das cadeias de suprimentos internacionais e a relativa fragilidade dos PCNs.

Problemas nas cadeias de abastecimento

Mesmo as organizações mais valiosas, e sempre na vanguarda em seus setores –de tecnologia automotiva a brinquedos— relataram atraso ou até a completa interrupção da produção devido a partes da cadeia de suprimentos que se encontram em áreas fortemente afetadas pela COVID-19.

Esta pandemia é um evento ainda em desenvolvimento, com empresas de diversos setores passando mensagens imprecisas sobre a continuidade do fornecimento de serviços e de matérias primas, e a maioria dos consumidores sem saber quais serão as implicações para os próximos dias, semanas e meses.

Sem dúvida, os problemas nos fluxos de abastecimento devem variar bastante de um negócio para outro. No entanto, todo e qualquer contratempo é uma oportunidade de revisar os chamados Planos de Continuidade de Negócios (PCNs) de uma empresa e os processos de verificação das cadeias de suprimentos para garantir que as operações sigam de forma razoável.

Ao levar em consideração fatores como jurisdição e as atuais condições de determinados elos de suas cadeias de suprimento, juntamente com a realização de processos de Due Diligence para entender melhor os riscos, as organizações podem começar a construir a base para um esquema de abastecimento mais dinâmico, que evite possíveis interrupções.

Atenção às jurisdições!

Assim como as interrupções provocadas por crises geopolíticas e desastres naturais, a atual pandemia demonstra o potencial risco de algumas jurisdições para o bom funcionamento dos fluxos de suprimento ao redor do globo.

Ao criar um novo programa de verificação de Due Diligence (ou ao revisar um que já existe) da cadeia de suprimentos, deve-se começar pelo mapeamento das jurisdições dos fornecedores e aplicação de uma classificação de risco-país para cada entidade presente nessa estrutura.

A transparência, ou falta dela, em uma determinada jurisdição é fundamental para que as empresas compreendam os riscos associados a interrupções de fornecimento e como os governos podem ajudar (ou não) a mitigar a situação.

Para os PCNs, e especificamente para os propósitos da cadeia de suprimentos, a classificação de risco-país deve levar em conta a transparência de um governo.

Isso geralmente envolve a solidez de seu regime regulatório, conhecimento prévio de casos de fraude, corrupção, suborno e violações de regras locais e internacionais, além de outras questões adicionais (violações de propriedade intelectual e de direitos humanos e trabalhistas) que devem ser regulamentadas pelo governo para garantir um ambiente de negócios justo e produtivo.

Esta primeira etapa ajudará as empresas a entender sua exposição a eventuais interrupções no fluxo de suprimento devido a riscos jurisdicionais, sua potencial gravidade conforme a concentração de fornecedores-chave naquela região e em que locais considerar a procura de parceiros comerciais alternativos para mitigar os problemas.

Em resumo, para de fato conhecer a sua estrutura de abastecimento, é preciso saber exatamente que caminho ela percorre, onde estão os elos com maior risco de se soltarem dessa corrente, como os governos locais devem reagir nesses casos e a capacidade de sua empresa de ativar fornecedores alternativos a qualquer momento.

Fornecedores essenciais

O segundo passo é classificar, por grau de importância, cada elo de sua cadeia de suprimentos. Isso deve ser feito, evidentemente, de acordo com a função de cada fornecedor, identificando as consequências que a suspensão daquele serviço traria para os negócios.

Conforme o tipo de empresa, os fornecedores devem receber classificações com base em sua jurisdição, importância, viabilidade financeira e possibilidade de serem substituídos por parceiros comerciais alternativos. Se levarmos em consideração a volatilidade dos mercados durante uma crise, vale lembrar que a Due Diligence sobre a viabilidade financeira requer atualizações mais frequentes.

Assim que esses parceiros mais críticos forem estabelecidos, as empresas devem começar a criar listas com alternativas a eles que possam ser acionadas em caso de interrupção de abastecimento. Além disso, quanto mais importante for o fornecedor, mais exigente deve ser o processo de Due Diligence aplicado, que deve contar inclusive com um cronograma de reavaliação.

Claramente, o mundo está se tornando menor e mais complicado, com riscos inéditos que até agora eram incompreensíveis para as organizações comerciais. No entanto, como demonstrado pela COVID-19 e por outras crises anteriores, essas são oportunidades para nos prepararmos melhor para os próximos desafios.

O desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos dinâmica, apoiada por Due Diligence e monitoramento proporcional e direcionado, dará à sua empresa uma vantagem em relação à concorrência.

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