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Mercado de pagamentos: mais uma vítima do crime financeiro

James Mirfin
James Mirfin
Global Head of Digital Identity and Financial Crime at Refinitiv

Com o constante avanço dos serviços de pagamentos, os criminosos financeiros vem desenvolvendo técnicas cada vez mais sofisticadas para atuar no setor. Um relatório publicado em parceria com a Refinitiv, destaca como soluções colaborativas e de identidade digital são cruciais para combater o problema.


  1. Um estudo da Emerging Payments Association (EPA), em conjunto com a Refinitiv e o Barclays, examina os crimes relacionados a pagamentos e as possíveis soluções para esses casos.
  2. Fraudes nesse mercado custam ao Reino Unido cerca de 2,4 bilhões de libras (US$ 3,2 bilhões) por ano –e os novos participantes do setor são o principal alvo.
  3. A crescente indústria de serviços de pagamentos deve investir em tecnologia de forma colaborativa, inclusive em busca de uma solução comum de identidade digital.

Diante das modernas técnicas empregadas em fraudes, as empresas que trabalham com serviços de pagamentos precisam desenvolver urgentemente soluções viáveis –apoiadas em uma ampla colaboração entre os participantes do mercado— para rebater a ameaça.

Por isso, a Refinitiv e o banco Barclays apoiaram os esforços da Emerging Payments Association (EPA) na compilação de pesquisas e análises sobre como essa indústria, em franco crescimento, tem sido uma das vítimas preferenciais de fraudes e lavagem de dinheiro.

O relatório, Facing up to Financial Crime (Enfrentando Crimes Financeiros), elenca várias recomendações importantes, inclusive um plano para desenvolvimento conjunto de soluções de identidade digital.

Fraudes no setor de pagamentos

Com a economia mundial cada vez mais digitalizada, o mercado de serviços de pagamentos tem facilitado e agilizado vários tipos de transações financeiras entre consumidores, empresas e bancos.

Essa é uma indústria formada tanto por players estabelecidos, como os gigantes Apple Pay e PayPal, quanto pelos emergentes, que são os alvos favoritos das organizações criminosas.

Somente no Reino Unido, as fraudes relacionadas a pagamentos custam à economia do país cerca de £ 2,4 bilhões (US$ 3,2 bilhões) anuais. Isso equivale a £ 45 por ano para cada adulto e 2% da receita total desse setor.

Entre os artifícios empregados pelos infratores, é comum o chamado pagamento forçado. Nessa modalidade, controla-se a conta de outra pessoa, levando um pagador genuíno a enviar uma remessa de dinheiro para a conta do fraudador.

 

Atualmente, esse setor está passando por um período de grandes mudanças, com a implementação de algumas iniciativas dos próprios bancos, da Payment Services Directive 2 (PSD2) e da 5ª Diretiva Anti-Lavagem de Dinheiro (5MLD) da União Europeia.

À medida que a indústria se adapta a esse novo cenário, aumenta o abismo entre os maiores participantes da áerea (principalmente bancos de varejo) e aqueles iniciantes, menores, que estão capitalizando as oportunidades criadas pelo PSD2 e se estabelecendo como prestadores de serviços de pagamento com uma série de produtos inovadores.

Fraquezas nos sistemas financeiros

Muitos desses participantes menores, no entanto, estão lutando para gerenciar riscos crescentes de maneira abrangente e econômica, pois enfrentam tentativas cada vez mais sofisticadas de explorar toda e qualquer fraqueza nos sistemas financeiros.

Segundo o relatório, até dois terços das fraudes em pagamentos envolvem deslizes de clientes, como aqueles casos em que eles são induzidos a revelar detalhes de segurança dos cartões.

O valor obtido por meio dessas atividades ilícitas é então lavado por meio de vários instrumentos de ocultação, incluindo aplicativos para dispositivos móveis, cartões e pagamentos alternativos. E, para blindar ainda mais essas transações, os criminosos têm criado estruturas corporativas bastante complexas.

Empresa protegida

O novo estudo sugere ainda a adoção de melhores práticas como forma de impedir que esses grupos criminosos ataquem o mercado de pagamentos. Ou seja, os processos de KYC nunca foram tão importantes, pois a triagem rigorosa e o monitoramento contínuo de todos os terceiros ainda constituem a melhor defesa contra esses delitos.

Para uma triagem eficaz, o primeiro requisito é que as organizações protejam o acesso a seus dados. Eles devem ser estruturados e incorporados de maneira integrada aos procedimentos internos de auditoria e de verificação.

Já existem novas ferramentas que se valem de tecnologia de ponta, como machine learning e e análise comportamental, para manter os provedores de serviços finceiros um passo à frente dos infratores.

Com essa poderosa combinação, as empresas conseguem estabelecer padrões de comportamento esperados para os pagamentos, o que auxilia na detecção de anomalias ou de casos suspeitos.

O relatório também aborda os avanços em relação à identidade digital, e avalia que uma solução comum nessa esfera é o próximo passo para manter as transações seguras.

Assista ao vídeo: The Global Coalition to Fight Financial Crime – working towards establishing a global AML standard

Colaboração é fundamental

De acordo ainda com um estudo global da Refinitiv realizado em 2018, The True Cost of Financial Crime, a colaboração entre participantes do setor, fornecedores de soluções tecnológicas, governos, agências reguladoras e órgãos policiais é uma ferramenta fundamental na luta contra esse tipo de crime.

Em uma era cada vez mais digital, a batalha entre os players do setor e os indivíduos focados em desviar dinheiro desse mercado de forma ilícita promete seguir forte.

Por isso, acreditamos que somente pela associação entre tecnologia de ponta, experiência humana de qualidade e ampla colaboração entre os vários stakeholders, podemos começar a vencer essa guerra.