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Brasil enfrenta estação mais seca do que o normal, aumentando os riscos para Amazônia

Dados de pesquisas climáticas da Refinitiv apontam para um período mais seco do que o normal no país e alertam para o perigo de novos focos de incêndio na floresta amazônica.


Em meio à polêmica mundial sobre a preservação da Amazônia –assunto que teve grande destaque no discurso de estreia do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira, 24 de setembro—, novos dados de pesquisas climáticas da Refinitiv comprovam que a estação, mais seca do que o normal no país, provavelmente exacerbará os incêndios na região.

A floresta amazônica estende-se por oito países, ocupa aproximadamente 40% da América do Sul, tem mais da metade de seu território no Brasil e produz 20% do oxigênio da Terra. Mas, embora a maior das florestas tropicais do planeta seja conhecida pela sua exuberância e números grandiosos, nas últimas semanas, o que a fez ganhar manchetes no mundo todo foram fotos e imagens de satélites internacionais apontando o crescimento dos focos de incêndio na região.

Apenas nos primeiros oito meses deste ano foram registrados mais de 87.000 ocorrências na parte brasileira da Amazônia. No mesmo período de 2018, esse número girou em torno de 49.000.

O ano de 2019 não é o pior da história recente, no entanto. Em 2005, o número de queimadas foi de aproximadamente 142.000 nos primeiros oito meses.

Este ano, a região norte do Brasil foi a mais afetada: Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima tiveram grandes aumentos percentuais no número de incêndios em comparação à média dos últimos quatro anos (2015-2018):

  • Roraima 141%
  • Acre 138%
  • Rondônia 115%
  • Amazonas 81%

Os incêndios florestais são comuns na Amazônia durante a estação seca, que ocorre de junho a novembro, dependendo da região. Mas, apesar de eles poderem ser causados ​​por eventos que ocorrem naturalmente, acredita-se que, em 2019, a maioria tenha sido iniciada por agricultores, pecuaristas e madeireiros.

Diante desse quadro, já de extrema gravidade, sabemos que o tempo seco, vento e calor extremo só fazem agravar a frequência e a intensidade do fogo.

Nada de chuva na floresta tropical

Novos dados de pesquisas e análises do Refinitiv Weather, aplicativo disponível no Eikon, indicam um risco significativo de tempo bem mais seco do que o normal para áreas de Mato Grosso, Goiás e Tocantins. Há consenso entre vários indicadores ultilizados para previsões meteorológicas de que essas áreas, com risco de seca significativa, devem ser monitoradas nos próximos meses –período no qual as chuvas normalmente deveriam aumentar de forma considerável.

Na imagem acima, classificamos as previsões para o nível de chuva em uma região da seguinte forma:

  • Precipitações que estão 75 mm abaixo do normal são indicadas por “-“
  • Precipitações que estão de 25 a 75 mm abaixo do normal são indicadas por “-“
  • Precipitações que estão de 25 mm abaixo até o nível normal são marcadas por “=”
  • Precipitações que estão de 25 a 75 mm acima do normal são indicadas por um “+”.
  • Todas as áreas secas são delimitadas por contornos marrons, enquanto as áreas úmidas são delimitadas por contornos verdes

Como podemos observar na tabela abaixo, a previsão de tempo seco em 2019 ocorre após cinco anos (2014 a 2018) em que temos constatado menos chuva do que a média esperada para esta época na região norte do país.

 

Se essa previsão se mantiver, a seca no Brasil poderá continuar ou até mesmo piorar entre os meses de setembro e novembro.

Mas quanto tempo deve durar?

Os prognósticos meteorológicos costumam seguir fatores como o El Niño Southern Oscillation (ENSO), entre outros. Há, inclusive, algumas análises (precoces) sobre o período de dezembro de 2019 a fevereiro de 2020 que sugerem maiores índices de chuvas para o início do próximo ano.

Para saber mais sobre os dados e as análises do Refinitiv Weather, visite o Agriculture Weather Dashboard e os Weather Applications na plataforma Eikon