Com a MiFID II e o FX Global Code em vigor, a inovação –e não a regulamentação— pode finalmente ser a força motriz do mercado global de câmbio.
- A MiFID II e o FX Global Code estão em vias de alcançar seus objetivos de melhorar a conduta, a imparcialidade e a transparência.
- Dessa forma, os profissionais do mercado de câmbio agora podem se dedicar mais à inovação e ao crescimento dos negócios.
- Novas oportunidades para os negócios globais de FX incluem a análise algorítmica de execução e de custo de transação.
Após as crises financeiras de 2008 e da Zona do Euro, em 2011 –esta última considerada o estopim para a criação do FX Global Code—, temos presenciado mudanças sem precedentes no setor de câmbio. E, pela primeira vez em anos, a área finalmente atingiu um ponto em que a maior parte da implementação regulatória está completa, liberando os profissionais para se concentrar no que realmente interessa: inovação e crescimento dos negócios.
Apesar de nos últimos anos a inovação nem sempre ter sido a prioridade, hoje existem oportunidades interessantes para os negócios de FX avançarem em novas áreas, explorando a execução algorítmica e a análise de custo de transação (TCA, na sigla em inglês) para obter melhores resultados.
Exigências da MiFID II
Não só na Europa, mas no mundo todo, a MiFID II concentrou as atenções nos últimos anos e consumiu uma enorme quantidade de tempo e recursos durante a sua implementação. Isso acabou prejudicando o volume de negócios e levou a uma intensa expectativa sobre como o setor de câmbio poderia ser afetado com o início da nova regulação, em 3 de janeiro de 2018.
Felizmente, o dia chegou e tudo correu de forma tranquila, sem grandes perturbações no mercado nem falta de liquidez, e uma boa parte dos negócios de câmbio mudou para plataformas reguladas, de acordo com os requisitos da MiFID II.
Para nós, na Refinitiv, o momento revelou-se decisivo, pois um grande número de derivativos foi imediatamente transferido para a nossa plataforma regulada, a Multilateral Trading Facility (MTF).
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Transparência na pré-negociação
Atualmente, a maioria de nossos derivativos cambiais globais são negociados em locais que foram aprimorados e lançados especialmente para o início da MiFID II. Questões como transparência e o envio de relatórios sobre as negociações também são fundamentais para a nova regulação, e é aí que serão necessários alguns ajustes ao longo do tempo.
Caberá aos reguladores avaliar a exatidão dos relatórios e certificar-se de que todas as negociações (em cada uma das classes de ativos) estão sendo relatadas de forma correta. No entanto, algumas instituições ainda têm ajustes a fazer em suas estruturas de entidades legais e nos processos de relatórios para garantir o compliance total –e da maneira mais eficiente.
Agora, os profissionais do setor já estão começando a se preparar para a próxima fase da MiFID II: transparência na pré-negociação. Quando tiver sido completamente implementada, ela dará aos participantes desse mercado acesso a informações valiosas para as suas negociações e que antes não estavam disponíveis.
Tela do FXall
Código de conduta global no mercado de câmbio
Enquanto isso, desde que o FX Global Code começou a ser elaborado, em 2015, tem provocado uma evolução gradual na conduta das instituições que atuam nesse mercado.
Houve tanto diálogo e troca de informações entre os participantes do setor durante a elaboração do novo código que, quando ele finalmente foi publicado, em maio de 2017, a conduta interna das organizações já estava praticamente alinhada com seus princípios.
Um dos maiores benefícios dessa iniciativa é que agora todos estão mais informados sobre o que constitui um comportamento de mercado correto. Isso é particularmente útil para as empresas do buy-side, já que agora não pode haver diferenças no entendimento sobre quais divulgações e processos são necessários quando um pedido é entregue a um banco, e quais expectativas cada parte pode ter.
Conduta impecável
De agora em diante, é preciso garantir que o FX Global Code seja adotado o mais amplamente possível.
Após essa primeira onda de adesão, ainda haverá a necessidade de monitorar os pequenos bolsões que eventualmente não tiverem adotado o código, e talvez seja preciso adotar um estratégia específica para garantir o compliance nessas instituições.
Além disso, conforme o setor evolui, serão necessárias revisões constantes para que o código não fique desatualizado. Essa é uma tarefa com a qual o Global Foreign Exchange Committee já se comprometeu, e grupos de trabalho dentro do comitê já estão considerando áreas específicas que ainda precisam de atenção, como disclosure.
Tempos interessantes para o FX global
Tanto o MiFID II quanto o FX Global Code estão a caminho de alcançar seus objetivos: melhorar a conduta, a justiça e a transparência.
Com essas regulações, pode-se dizer que o setor de FX está passando por um momento bem interessante. Mais preparados para as futuras mudanças do que em qualquer outro momento da história recente, os participantes do mercado agora podem se dedicar com afinco à inovação e ao crescimento dos negócios.
Em geral, vemos três categorias distintas de participantes do mercado. Uma delas são as empresas que ainda se concentram principalmente na transferência de risco entre múltiplos bancos para atender às suas necessidades de execução de FX. Outra, engloba os traders que buscam uma solução sofisticada para minimizar o impacto no mercado e melhorar a execução, o que normalmente os leva a ferramentas algorítmicas. Por fim, há os clientes mais avançados, que querem desenvolver seus próprios algoritmos e mantê-los internamente para ganhar vantagem competitiva.
Procuramos sempre oferecer a tecnologia e os dados que os nossos clientes mais valorizarão, apoiando a transição (quando for apropriado) das plataformas de solicitação de cotação (request for quote, ou RFQ, na sigla em inglês) para um ambiente misto, com RFQ e execução por algoritmos.
Esses são tempos realmente fascinantes para o mercado global de câmbio, em que a inovação está possibilitando a descoberta de maneiras mais inteligentes de fazer negócios em todos os níveis do setor.
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